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Longo deve chegar sábado ao Brasil

Guilherme Raymo Longo, de 32 anos, acusado de matar o enteado Joaquim Marques Ponte, de três anos, em no­vembro de 2013, em Ribei­rão Preto, deve desembarcar no Aeroporto Internacional de Guarulhos (Cumbica), na Grande São Paulo, no início da manhã deste sábado, 20 de ja­neiro. Escoltado pelos agentes da Polícia Federal (PF) Pedro Paulo Christófolo e Victor Spi­nelli, que já estão na Espanha, o técnico em informática deve deixar Madri no começo da noite de hoje (19).

O Tribuna entrou em con­tato com a assessoria da Polícia Federal (PF) no Ministério da Justiça, mas, por questões de segurança, a corporação não di­vulga os horários de embarque e desembarque. “A Polícia Federal não divulgará datas ou as outras informações, pois são dados operacionais sigilosos, por ques­tão de segurança”, diz em nota.

O processo de extradição ganhou celeridade porque, a partir do dia 21, havia o risco de Longo ser libertado pela Justiça espanhola. Detido por falsidade ideológica – entrou na Espanha com documentos em nome do primo Gustavo Triani, que mora em Florianópolis (SC) –, o período de prisão termina­ria neste mês. No início deste ano, em 2 de janeiro, a Justiça da Espanha definiu a extradi­ção do técnico em informática para o Brasil. Assim que pisar em solo brasileiro, Longo será levado para a Penitenciária de Tremembé, no Vale do Paraí­ba, onde já ficou preso até ob­ter um habeas corpus.

O promotor Marcus Túlio Nicolino, designado pelo Mi­nistério Público Estadual (MPE) para acompanhar o caso, diz que, além de responder por homicídio triplamente quali­ficado e ocultação de cadáver, Longo também será processado por falsidade ideológica, já que adulterou documentos do primo Gustavo Triani para fugir do País e entrar na Europa – saiu de Mon­tevidéu, no Uruguai, e passou pela França até chegar à Espanha. Foi recapturado em 27 de abril do ano passado, em Barcelona.

O representante do MPE diz que Guilherme Longo não deve sair da cadeia tão cedo. Ao dei­xar de comparecer mensalmente do Fórum Estadual de Justiça de Ribeirão Preto, sair da cidade e depois do Brasil, o réu abriu mão do direito de aguardar ao julga­mento popular em liberdade, segundo o promotor. Em setem­bro, a juíza Isabel Cristina Alon­so Bezerra dos Santos, da 2ª Vara do Júri e Execuções Criminais de Ribeirão Preto, determinou que o casal seja levado a júri popular pela morte do garoto.

A sentença de pronúncia considera que o processo tem elementos suficientes para asso­ciar os dois à morte da criança. A data do julgamento só será definida depois de esgotadas to­das as possibilidades de recurso. No entanto, o próprio Marcus Túlio Nicolino acredita que o júri popular de Guilherme Raymo Longo, e Natália Mingoni Ponte, de 33, respectivamente padrasto e mãe do menino Joaquim Ponte Marques, pode ficar para 2019 porque as defesas dos réus en­trou com recursos.

Os advogados da dupla não concordam com as acusações que pesam sobre seus clientes. Antônio Carlos de Oliveira, defen­sor de Longo, diz que não há ele­mentos que incriminem o padras­to. O advogado de Natália Ponte, Natan Castelo Branco, diz que “a mulher não pode ser respon­sabilizada por um companheiro violento.” Nicolino garante que há provas orais, testemunhais e periciais contra o casal.

Guilherme Longo e Natália Ponte respondem por homicídio triplamente qualificado – por motivo fútil, meio cruel e recur­so que impossibilitou a defesa da vítima. Contra o técnico em in­formática ainda existe como ele­mento agravante: a acusação por ocultação de cadáver. Contra ela, acusada por omissão – tinha co­nhecimento que o companheiro era violento com o filho e havia voltado a usar drogas, mas não reagiu –, incide a acusação por crime contra descendente. Ela está em liberdade provisória.

Longo foi preso em 27 de abril, no centro de Barcelona, na Catalunha, pelas polícias Federal (PF) e Internacional (Interpol), em conjunto com o Cuerpo Na­cional de Policia da Espanha. Era considerado foragido da Justiça de São Paulo desde 28 de setem­bro. Também vai responder pelo crime de falsidade ideológica, por ter entrado na Europa com o documento falsificado do primo.

O padrasto de Joaquim con­fessou à Record TV ter matado o enteado de três anos, em novem­bro de 2013, com um golpe de jiu-jitsu. No entanto, para o pro­motor Marcus Túlio Nicolino, o suspeito matou o garoto com uma superdosagem de insulina. Depois jogou o cadáver em um córrego próximo da casa em que moravam, no Jardim Indepen­dência, na Zona Norte de Ribei­rão Preto. O corpo do menino foi encontrado boiando no Rio Pardo, em Barretos, a 100 quilô­metros de onde morava.

Longo foi preso pela pri­meira vez em janeiro de 2014 e deixou a Penitenciária de Tre­membé em fevereiro de 2016, através de uma medida caute­lar (habeas corpus) concedida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) – pelo não cum­primento das determinações ju­diciais impostas para sua soltura, teve a prisão preventiva decreta­da novamente. Desapareceu dias antes de ter a prisão decretada.

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